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terça-feira, 9 de agosto de 2011

Sonhos Unilaterais


  Noite fria e escura, pensamentos pairam no ar e uma visita chega. Quem é? É a mesma visita de sempre, aquela que vem sem bater na porta e entra sem pedir licença. Qual o seu nome? Solidão, vai dizer que você não a conhece! É minha visita mais constante nos últimos meses, desde que você me deixou sem dizer boa noite. Quando se levantou e saiu deixando a porta entre aberta e a janela apenas encostada, como se fosse voltar logo. Já passaram quatro meses e está tudo igual. A janela não fechei, a porta não tranquei, apenas o coração que mudei, incrementando com alguns ingredientes. Uma pitada de medo, arrependimento, decepção e três gotinhas de ódio. Uma colher de desespero, meia xícara de dúvidas, um litro e meio de (des)amor. A formula preferida da minha visita, sempre me vem com um apetite voraz e devora tudo o que vê pela frente, deixando o estoque de sentimentos vazio.  
Depois de passar algumas horas ela se vai sem ao menos dizer 'Até logo otária e obrigada pelo jantar'. E eu mais uma vez sinto-me vazia e sem destino, adormeco depois de uma noite conturbada e acordo na mesma posição que deitei, sem nenhum sonho. Levanto-me tomo meu café extra forte e duas ou três torradas, passo o olho pelo jornal procurando alguma noticia sua depois procuro pela internet também, como sempre minhas buscas são sem sucesso. Volto a me deitar esperando o dia passar e leio, assito alguns seriados policiais e depois leio de novo, levanto-me como umas besteiras e vou tomar banho. Limpa e quente eu coloco minha melhor roupa, aquela que você amava. Meu pijama de carneirinho rosa e entro desta vez no seu quarto, acho que é a primeira vez nas ultimas dezesseis semanas que consigo romper a barreira ente nós e fico parada olhando as paredes pintadas de azul bebê e amarelo ouro. Seus brinquedos e ursos de pelúcia, sua estante com seus macacões, bonés e mini tenis. Lapis de cor que agora ficaram preto e branco. Finalmente olho para o berço que fiz especialmente para você, patina branca e curtinado de renda, tudo que um principe merece. Fico ali parada pensando quanto tempo essa dor irá passar, quanto tempo falta pra te abraçar e olhor seus lindos olhos pretos e cabelos loiros; sinto-me cada vez mais cansada, exausta.
 Até que uma luz entra pela  janela e invade o quarto, iluminando diretamente na poltrona onde eu te ninava, como se me dissesse para repousar-me e eu obedeço. A luz aquece minha'lma e eu fecho os olhos, imediatamente as lembranças surgem como um turbilhão. Seu primeiro chute, choro, dor de barriga, sorriso e o ultimo olhar; eu começo a soluçar e sem porder evitar desce a primeira lagrima, a segunda, terçeira e outras mil que estava guardando somente para mim, logo um sorriso invade meu coração e Deus vem ao meu encontro com você nos braços, te fazendo ninar e me diz que tudo vai ficar bem, que nos veremos em breve. Fico tranquila e a dor vai esvaindo-se até não sobrar mais uma gota; o medo some também assim como outros sentimentos ruins. E pela primeira vez a tranquilidade, a paz e a fé voltam, de mãos dadas. O amor e a esperaça estão juntos também.
 O dia chega perto do fim e com os olhos cheios d'agua desligo a babá eletronica da tomada, fecho a cortina, apago a luz e tranco a porta do quarto, sigo meu caminho até o meu quarto deito-me, rezo,  fecho os olhos e acordo assustada com tudo que sonhei.

 Sonho?

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